Friday, July 15, 2011

chapter one, sally's story.


Nossa jornada começa em uma noite de inverno, no mês de fevereiro do ano de 1943. Caía uma pequena camada de neve em uma simples rua do subúrbio de Londres. Não darei mais detalhes da localização, por medo que as informações contidas nesta estória venham a causar alguma intervenção nos fatos a serem narrados.
Nesta noite uma camada branca cobria todos os locais a céu aberto da capital britânica, e Sally estava em seu quarto, olhando pela janela, pois não conseguira dormir. Eram cerca de 23 horas e por falta de sono a garota observava os cristais de gelo caírem lentamente na rua através de seus olhos verdes. De repente, a pequena garota percebe um movimento estranho no campo semi-aberto em frente a sua casa. Provavelmente era algum animal, porém aquilo incomodou Sally de tal modo que ela não conseguiria dormir se não fosse até lá primeiro. Se perguntassem o por que deste simples balançar de um arbusto a deixou tão inquieta suponho que nem mesmo ela saberia responder.
Abrindo a porta do seu quarto, e descendo as escadas sem fazer um mínimo ruído para não acordar ninguém na casa, Sally pegou suas botinas cinzas e as colocou silenciosamente, sempre espiando por cima do ombro para ver se nenhuma luz se ligaria, ou nenhuma porta se abriria. Após ter certeza que todos continuavam em sono profundo, a garotinha abriu a porta  da frente com o máximo cuidado. Assim que saiu, sentiu o vento gélido da madrugada em suas pernas, pois Sally apenas estava com um vestido e um casaco, que deixavam seus joelhos indefesos contra o frio. Sem se importar com a neve, ou mesmo com o vento, Sally atravessou a rua com a mesma cautela de quando estava saindo da casa. Durante a travessia a garota olhava desconfiada para as casas vizinhas, pois se alguém a visse, provavelmente esta seria colocada de castigo por algumas semanas. Como Sally imaginava, aquela hora ninguém em sua rua estava acordado, não havia luzes acesas, nem barulho de nenhuma moradia da vizinhança, então, mais confiante, a garotinha loira de olhos verdes seguiu até o arbusto que tanto a incomodara e, primeiramente, nada viu. Porém, continuava desconfiada, não mais do arbusto, mas sim da floresta que se formava mais adiante. Sua intuição lhe dizia que ela não deveria por nada ir até lá, mas sua vontade também não era a de voltar para casa e continuar com a dúvida do que aconteceria se ela tivesse seguido em frente. 
Como esperado, Sally continuou, caminhou cerca de quatrocentos metros para dentro da floresta, que estava densa a tal ponto, que no chão era pouca a neve que se encontrava. Sem pestanejar a garota continuava, pois sabia que sua intuição lhe contaria quando deveria parar. Andou durante mais alguns curtos minutos e parou. Sally via-se em uma clareira quando ouviu um ruído, suas pernas estremeceram involuntariamente, pois mesmo que ela fosse apenas uma garotinha de sete anos, ela era mais determinada que muitos adultos. Assustada, Sally olhou para todos os lados, com uma expressão espantada. Nada via, nem mais ouvia. O tremor que tinha nas pernas sumira, e sua respiração voltara ao habitual. Essa era Sally, determinada, difícil de se assustar e disciplinada. Era uma garota que tinha total controle das suas emoções, ao menos das emoções que ela tinha conhecimento até o presente momento, pois mesmo que sendo esperta, ainda havia muito para aprender.
Após ter organizado os pensamentos Sally começou a procurar pela origem do barulho que ouvira segundos atrás, não sabia descrever o som, porém não era motivo para sua desistência. Continuava firmemente, porém no momento em que voltou a si percebera que estava com os joelhos sujos de terra, assim como suas mãos, seus cabelos estavam em seu rosto alvo como a lua e suas botas já não eram tão cinzas. Sally estava tão convicta para encontrar o motivo de sua insônia que esquecera que devia voltar para casa, olhou-se e pensou que poderia deixar para amanhã a busca, pois talvez o que quer que seja que ela perseguia, poderia ter se assustado com seus passos. Decidira que voltaria na madrugada seguinte, que seria o amanhecer para sexta-feira e na noite anterior todos se recolhiam mais cedo em sua casa, o que seria o mais sensato, pois então ela poderia pensar durante o dia sobre o assunto que a deixara tão inquieta. 
Devagar caminhou pela floresta, e um quarto de hora depois chegou no lado oposto da rua que ficava em frente a sua casa, olhou sua janela, e relembrou do sentimento que teve quando ouvira o ruído indefinível horas atrás. 
Seguiu até a porta da sua casa, tirando as botas quando entrou e cuidando para não deixar neve nem terra caírem no chão, e, antes de fechar a porta novamente, olhou para as casas vizinhas que estavam tão silenciosas quanto da última vez que as observara. 
Ao chegar no seu quarto que se localizava na última porta de um longo corredor, Sally guardou suas botinas em baixo da cama, para que ninguém visse seu estado, e decidira que as limparia pela manhã, quando tivesse a oportunidade. Tirou seu casaco, e colocou sua camisola, porém não foi deitar-se imediatamente, sentou-se e continuou a observar a parte floresta que era visível da sua casa, pois continuava sem sono. Não saberia dizer se foram minutos ou horas que ficara ali, mas assim que percebeu que mesmo sem vontade de dormir, seu corpo pedia por um descanso, Sally deitou-se e fechou os olhos.

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